OMI BEIJADA!

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Salve, povo do samba!

Impossível passar o mês de setembro sem lembrar das crianças e de São Cosme e Damião. Os atacadistas de doces e guloseimas também comemoram, os dentistas almejando futuras cáries, idem. Quem não quer dar um pra Doum e merecer? Não só pra ele, mas pra ibejeda em geral. Tradição popular, sincretismo religioso, maria-mole e fartura. Como sentenciou o compositor Beto Sem Braço: “O que espanta miséria é festa”. Então, vamos comemorar! Separei alguns sambas pra gente ir esquentando o gogó.

Zeca Pagodinho, devoto assumido de São Cosme e Damião, tatuados em seu peito, emplacou seu segundo LP com o hit Patota de Cosme (Nilton Bastos/Carlos Sena), que também dá nome ao disco. Samba contagiante que gruda na boca igual bala de goma, conta a história de algum desamor que tentou lhe prejudicar, mas a garotada, protetora da sua cabeça, não deixou lhe derrubar. Não deixou e nem vai deixar. Clássico!

Embalado por este sucesso, Zeca grava, em 1990, Falange do Erê (Arlindo Cruz/Jorge Carioca/Aluísio Machado).

A temática do samba é mais centrada na devoção e agradecimento aos santos. Houve outras três regravações, uma com Arlindo e Sombrinha, outra com Arlindo, Sobrinha e Mart’nália – minha gravação preferida – e, por último, com Aluísio Machado.

Moacyr Luz e Nei Lopes acertaram em cheio no Vinte Sete Zero Nove, samba cujo título é a própria data das festividades. Cronistas natos, Moa e Nei relatam a história de Vera, que no dia da festa dos erês acerta sozinha no milhar.

E dá-lhe viagens internacionais, esbanjação... Abandona sua casa de sopapo em Madureira e esquece de agradar a meninada que lhe ajudou. Te cuida, Vera!

Pra finalizar esta miúda seleção, Samba de dois-dois (Roque Ferreira/Paulo César Pinheiro), exaltação poética ao duplo, ao orixá que são gêmeos, à força de se estar em dois. Espantando a miséria com muita comilança: “Tem beiju, quindim/ Acaçá, coco, mel e xerém/ Caruru, xinxim, tem pipoca/ abará e aberém.” Eita!

É isso! Boas comemorações pra vocês, seja nas igrejas, procissões, nos terreiros ou calçadas, com direito a muitos saquinhos de oferenda, nada muito light, por favor, os vendedores de balas e dentistas agradecem.

Bobôzinho já brincou, Bobôzinho saravou, Bobôzinho vai embora porque Zambi chamou!

 

 

Salve, povo do samba. Agô!

Na coluna de hoje vamos falar do disco Afro-sambas, do Baden e Vinícius. Teria o poetinha, diplomata das letras, cometido um enorme pleonasmo ao criar a expressão afro-sambas? Os mais radicais vão dizer que sim. Na contra capa do LP Vinícius dá uma pista: “Essas antenas que Baden tem ligadas para a Bahia e, em última instância, para a África, permitiram-lhe realizar um novo sincretismo: carioquizar, dentro do espírito samba moderno, o candomblé afro-brasileiro, dando-lhe ao mesmo tempo uma dimensão mais universal”.

Salve, povo do samba! É com grande alegria que estreio minha coluna no Almanaque do Samba, aqui no site e também pela FM. Bate macumba, olelê! Nesta coluna vou falar de samba e tudo que gira em torno de sua ancestralidade. Podem ficar tranquilos os mais desavisados, prometo não arriar trabalho pro santo neste local, muito menos fazer pregação religiosa, pelo contrário, vou tratar de forma afirmativa e respeitosa tudo que envolve nossas matrizes africanas.

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